Um Gesto de Protesto


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         Foi apenas um gesto ...
Mas no final do Auto de Natal o elenco tapou suas bocas com as mãos enquanto apontava na direção do camarote das autoridades. Parte da platéia não entendeu nada, como é habitual por aqui, a menos que se trate de um rite do Grafith. Mas uma outra parte do público compreendeu muito bem o sentido daquele protesto (leia). E o mais importante: o ato atingiu em cheio o alvo.

        Demonstrou que a situação dos que fazem a arte potiguar está chegando ao limite.
Que a maneira como são tratados os que atuam no cenário artístico da capital exige um basta!.
Chega de tanta pobreza pro nosso lado, pois somos ricos.
Temos dinheiro, gás e sal.
Temos boa música, uma literatura reconhecida, um acervo de boas produções no teatro.
Temos nosso orgulho, tradições, repertório e ... mais recentemente um senso cada vez maior de dignidade para com o nosso trabalho, o que tem nos provocado a reagir diante do abuso do estado frente ao que fazemos. A exploração.

        Temos pago um preço alto demais por não nos juntarmos enquanto um segmento social que se mobiliza para lutar pelos seus direitos. Nas nossas costas o peso de anos e anos de desarticulações, falta de interesse pela política, postura isolacionista, individualista etc.

Temos enterrado nossas criações nos limbos do esquecimento, impossibilitando que delas venham a brotar novos frutos, novos artistas, novas platéias, novas parcerias, novos projetos, novas criações ...

Temos vivido tempos difíceis, ruins de atravessar, cheios de dúvidas e malícia, com panacas sentados atrás das mesas nos contando historietas como respostas às nossas propostas de atiçar a vida artística de uma terra tão legal, boa de curtir, expressiva em tantos aspectos.

Temos sido complacentes, vulneráveis, ingênuos ...
Mas ainda nos sobra alguma vergonha ...

E é com esta que deveremos nos nutrir, esperançosos de que em 2010 façamos algum progresso, construindo com respeito (mas não sem nenhuma afronta) um novo patamar de relação com as administrações e seus gestores culturais, afirmando o profissionalismo e em detrimento da arrogância e da falsa moral, dos conchavos e dos equívocos.

Oxalá!!


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