Um Gesto de Protesto
Foi apenas um gesto ... Mas no final do Auto de Natal o elenco tapou suas bocas com as mãos enquanto apontava na direção do camarote das autoridades. Parte da platéia não entendeu nada, como é habitual por aqui, a menos que se trate de um rite do Grafith. Mas uma outra parte do público compreendeu muito bem o sentido daquele protesto (leia). E o mais importante: o ato atingiu em cheio o alvo.
Demonstrou que a situação dos que fazem a arte potiguar está chegando ao limite. Temos pago um preço alto demais por não nos juntarmos enquanto um segmento social que se mobiliza para lutar pelos seus direitos. Nas nossas costas o peso de anos e anos de desarticulações, falta de interesse pela política, postura isolacionista, individualista etc. Temos enterrado nossas criações nos limbos do esquecimento, impossibilitando que delas venham a brotar novos frutos, novos artistas, novas platéias, novas parcerias, novos projetos, novas criações ... Temos vivido tempos difíceis, ruins de atravessar, cheios de dúvidas e malícia, com panacas sentados atrás das mesas nos contando historietas como respostas às nossas propostas de atiçar a vida artística de uma terra tão legal, boa de curtir, expressiva em tantos aspectos.
Temos sido complacentes, vulneráveis, ingênuos ... E é com esta que deveremos nos nutrir, esperançosos de que em 2010 façamos algum progresso, construindo com respeito (mas não sem nenhuma afronta) um novo patamar de relação com as administrações e seus gestores culturais, afirmando o profissionalismo e em detrimento da arrogância e da falsa moral, dos conchavos e dos equívocos. Oxalá!!
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