Calanca trabalha no 2º piso, rodeado por ajudantes, pilhas de vinis e cedês, fregueses, e ultimamente, cada vez mais, curiosos em esmiuçar a importância de sua trajetória na cena independente brasileira. Motivos não faltarão aos que desejarem contar sua história, nem o fato: ele realmente foi um pioneiro ao gravar por sua própria conta um disco de Arnaldo Batista, à época relegado pelas gravadoras do país. Era 1981 e esse disco deu origem ao seu selo, que possui o mesmo nome de sua loja. A partir de então, abriu dianteira dentre os selos independentes nacionais, e trabalhou com díspares artistas e de estilos distintos, o que torna o seu catálogo muito significativo e precioso, mesmo singular.

Aliás, singular é a própria figura desse paulista, dono de uma simplicidade cativante, clareza nas opiniões e firmeza no tratamento, conhecedor de sua área, onde é guerreiro e lutador. Calanca expressa uma jovialidade que não viola sua idade de mais de meio século já bem vivido, muitos decibéis engolidos pelo seu cérebro faminto de som, zil aventuras noturnas, drinques selvagens e viagens artísticas. Calanca é de certo modo a própria representação do que conheci de melhor por aqui: razoável, honesto, franco, trabalhador, batalhador, sem excessivo apego ao que quer que já tenha feito pela música independente do país, ciente do seu papel na enciclopédia sonora brasileira, e mesmo assim não posa deslumbrado com a sua credencial quando rolam os créditos finais no filme real onde protagoniza a si. Por isso não hesitei em lhe oferecer uma ode aqui em minha página, e o convidei a se hospedar pelo tempo que desejar em meu sítio, para quem terei sempre frutas especiais amadurecidas.

Caso queira ler um pouco mais sobre Luiz Calanca e a Baratos Afins, quero dizer, se quiser saber quais discos foram feitos, quantos, os dados técnicos de sua empreitada como produtor de eventos e fonográfico etc, poderá acessar os linques com alguns dentre os melhores textos sobre ele e seu trabalho: