Jazz Aí Há


Há mais.
Há sinais claros de outras fontes.
Há indícios de raízes sonoras nascidas no chão
do sertão nordestino brasileiro (violas de repentistas,
cavacos de mestres sem nome, o puxado rude dos foles etc).
Há sutis referências ao blues, ao tango, do roq, da rumba, do flamenco, da seresta ...
Há sentimento, muito sentimento ...
E eu lhe disse em alguma vez: “ ... isso nunca poderá faltar”.

Lula já nasceu grande, com 5 quilos.
Sendo o quinto filho de sua casa, descendente dessa árvore índia poti(guar), ele está entre a elite musical dos que atuam no circuito profissional musical brasileiro. É integrante da Orquestra Popular de Câmara de São Paulo, onde toca junto a nomes como Caíto Marcondes, Benjamim Taubkin, Teco Cardoso, Guello e Zezinho Pitoco, entre outros consagrados músicos do cenário nacional. Também desenvolve suas atividades nos estúdios de gravação em discos de Zélia Duncan e Chico César, por exemplo, e no palco acompanhando artistas como Geraldo Azevedo, Mônica Salmaso, Antônio Nóbrega, Zé Renato, Elba Ramalho e Virgínia Rosa.

Lulinha Alencar (como é bem mais conhecido) é auto-didata, e vem tocando desde a adolescência. A música instrumental viria a despertar uma forte influência na sua formação, sendo responsável pelo seu envolvimento com esse segmento da cena paulistana atual. Seu trabalho autoral, onde dá vazão à sua criatividade como compositor, exercitando sua versatilidade num misto de improvisações jazzísticas e aleatórias espontaneidades, veio sendo paralelamente desenvolvido em projetos como o ‘Quartzo’ (quarteto) ou ao lado de seu parceiro Déka Silva no ‘Uniduo’. Mais recentemente sua arte foi levada à Alemanha, quando tocou no Rudolstadt festival.

Suas músicas, enraizadas no melhor do jazz, revelam riquezas sonoras harmônica e melódica peculiares, soam intensas, vivas, pulsantes, são bem elaboradas, e executadas com entusiasmo e apuro nas suas texturas vigorosas e elegantes. Coisa boa mesmo. Requintada. E até bela. Sim. Também denotam um certo esmero técnico, mas o tesão prevalece.

Lula é ativo. Além de compor e interpretar, também arranja. Sua relação com os instrumentos de teclado começou nos conjuntos de baile, evoluiu para o piano e alcançou o acordeom. É exigente, e perfeccionista às vezes. Invariavelmente é dedicado e atencioso com o trabalho.

Mas é principalmente... musical.
Muito musical.
E especial.
Por isso.


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