Jazz Aí Há
Há mais. Há sinais claros de outras fontes. Há indícios de raízes sonoras nascidas no chão do sertão nordestino brasileiro (violas de repentistas, cavacos de mestres sem nome, o puxado rude dos foles etc). Há sutis referências ao blues, ao tango, do roq, da rumba, do flamenco, da seresta ... Há sentimento, muito sentimento ... E eu lhe disse em alguma vez: “ ... isso nunca poderá faltar”.
Lula já nasceu grande, com 5 quilos. Lulinha Alencar (como é bem mais conhecido) é auto-didata, e vem tocando desde a adolescência. A música instrumental viria a despertar uma forte influência na sua formação, sendo responsável pelo seu envolvimento com esse segmento da cena paulistana atual. Seu trabalho autoral, onde dá vazão à sua criatividade como compositor, exercitando sua versatilidade num misto de improvisações jazzísticas e aleatórias espontaneidades, veio sendo paralelamente desenvolvido em projetos como o ‘Quartzo’ (quarteto) ou ao lado de seu parceiro Déka Silva no ‘Uniduo’. Mais recentemente sua arte foi levada à Alemanha, quando tocou no Rudolstadt festival. Suas músicas, enraizadas no melhor do jazz, revelam riquezas sonoras harmônica e melódica peculiares, soam intensas, vivas, pulsantes, são bem elaboradas, e executadas com entusiasmo e apuro nas suas texturas vigorosas e elegantes. Coisa boa mesmo. Requintada. E até bela. Sim. Também denotam um certo esmero técnico, mas o tesão prevalece. Lula é ativo. Além de compor e interpretar, também arranja. Sua relação com os instrumentos de teclado começou nos conjuntos de baile, evoluiu para o piano e alcançou o acordeom. É exigente, e perfeccionista às vezes. Invariavelmente é dedicado e atencioso com o trabalho.
Mas é principalmente... musical.
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