Roque-se!


Pelo chão, pedaços de insetos destroçados pela alvoroçada noite: asas partidas, resto de caudas, as magras perninhas espatifadas de mariposas mortas, despedaçados besouros mortos em fuga das víboras linguarudas, ácidas e gasturentas que deslizam pelas paredes brancas iluminadas com o gás das lâmpadas fluorescentes.
É cedo. Não passa ainda das seis da manhã, e já trato de remover todo esse lixinho do chão do quarto, varrendo tudo junto, apanhando o cocozinho das lagartixas, os pelos das borboletas, as listas de poeira ... vai tudo pro cesto de papel, junto à escrivaninha, para daqui a pouco seguirem seu destino recíclico, indo adubar os pés de alguma plantinha lá no quintal.
Um café, uma broa, uma fruta às vezes, um pedaço de pão com manteiga, tapioca ou bolo, e depois já subo outra vez para me ater ao meu mais novo ofício: o de escrever um relato sobre nossa história roq, na qual me enredei no início da década 90, primeiro como promotor de eventos do falido Chernobyl bar, e mais tarde como vocalista e compositor da também finada banda Os Quatro.

Escrever não é uma tarefa fácil, como muitos sabem. Leva tempo maturar as idéias, que são como as sementes dos textos a serem desenvolvidos; mas, ainda que elucubrações / tergiversações / pensamentos apenas, é mesmo dali que virão a brotar o que em sequência se firmará como matéria das páginas que elaboro (é, laboro) para retratar as tantas tretas que forjaram os acordes iniciais do roquenrol potiguar, desde que engatinhou nos primeiros anos até sua atualidade.
Por isso, se você quiser facilitar esse processo trabalhoso, e puder contribuir colaborando de um jeito simples, apenas gravando ou escrevendo a sua história dentro dessas páginas, vai me poupar de me desdobrar em muitos, tendo que ir ao seu encontro para lhe entrevistar pessoalmente, o que eu até desejo, quero e preciso fazer, mas se der pra você se arranjar e já adiantar isso ... puxa!, quanto agradeço.
Ademais, eu sou magrinho, frágil, até meio lerdo às vezes. Se você me enviar um relato contando da sua participação, seja como protagonista, seja como espectador, seja de alguma forma como partícipe dessa lista, fã ou artista, de toda maneira seu ‘testemunho’ será importante na construção das páginas desse perfil que estou montando sobre a nossa cena, e além do mais irá me poupar de dispender um bocado de energia e mais uns trocados, dando ainda mais condição de enriquecer o livro, democraticamente.

São várias as maneiras. Pode ser um arquivo sonoro com seu depoimento (mp3 ou wav), uma foto, uma antiga matéria de jornal (pdf ou doc), uma velha canção gravada em show ou ensaio, uma faixa de disco, um relato escrito etc. Tudo deverá ser remetido através do end eletrônico acena@bol.com.br, ou mesmo postalmente para a Rua das Ondas, 10 – Parnamirim/RN; 59160-970. Segue também meu fone (84) 9606 1926.

Agora, vê se agiliza. Pois daqui a mais um tempinho irá escurecer outra vez, e daí ... já vai ser muito tarde, bem tarde da noite. Vou estar entretido com fantasias de outra natureza, e mais atento ao repouso noturno, pois de manhã sempre tenho que recolher os demônios mortos no chão do quarto.

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